Petrobras: O que assustou mais que um prejuízo de 17 bi?

Petrobras: O que assustou mais que um prejuízo de 17 bi? Os resultados do 4º trimestre de 2024 da Petrobras (PETR3;PETR4) trouxeram mais surpresas do que o esperado, especialmente para os investidores focados em dividendos. Enquanto o prejuízo líquido de R$ 17 bilhões e o Ebitda abaixo das projeções chamaram atenção, foi o anúncio de dividendos de R$ 9,1 bilhões – bem inferior às expectativas – que dominou as discussões. Analistas divergem sobre os motivos por trás dos números e se há razões para preocupação.
O Choque dos Dividendos: Por que a Frustração?
A Petrobras surpreendeu negativamente ao anunciar um dividendo de US$ 1,6 bilhão , significativamente abaixo do consenso do mercado, que projetava entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões . A XP destacou que o principal vilão foi o capex 15% acima do guidance em 2024, totalizando US$ 16,6 bilhões . Grande parte desse aumento ocorreu no 4T24, com desembolsos antecipados para o campo de Búzios, um dos principais ativos da companhia.
A decisão de acelerar pagamentos a fornecedores – visando evitar atrasos em projetos – elevou o consumo de capital de giro para US$ 2,7 bilhões , pressionando o fluxo de caixa. Além disso, impostos concentrados no trimestre e custos operacionais no upstream (exploração e produção) contribuíram para um Ebitda ajustado de US$ 9,9 bilhões , 6% abaixo do esperado.
Capex em Búzios: Intervenção Governamental ou Estratégia Técnica?
O aumento nos investimentos em Búzios gerou questionamentos sobre possível interferência governamental para inflar o PIB. No entanto, analistas como os do Morgan Stanley rejeitam essa hipótese. A justificativa da Petrobras é clara: os pagamentos antecipados não aumentaram o custo total dos projetos, mas sim ajustaram o cronograma financeiro para alinhar com a execução física.
“A antecipação dos desembolsos em Búzios – o melhor campo offshore do mundo – faz sentido economicamente, já que acelera a maturação do projeto e fortalece parcerias com fornecedores”, avalia o Morgan Stanley. A XP reforça que os investimentos foram direcionados a estaleiros asiáticos, sem indícios de motivação política.
Perspectivas para 2025: Dividendos Extraordinários no Horizonte?
Apesar do desapontamento momentâneo, há luz no fim do túnel. O Morgan Stanley projeta que o capex em 2025 deve ser menor, já que parte dos gastos de 2026 foi antecipada. Isso pode liberar recursos para dividendos extraordinários no próximo ano, impulsionando o rendimento sobre o preço das ações.
A dívida líquida/Ebitda, que subiu para 1,3x no trimestre, ainda é considerada saudável, especialmente diante da resiliência dos fluxos de caixa. O Itaú BBA destaca que a antecipação de pagamentos em 2024 reduzirá o descompasso entre projetos físicos e financeiros, abrindo espaço para maior distribuição de lucros.
Analistas se Dividem: Oportunidade ou Sinal de Alerta?
Enquanto o Bradesco BBI classifica o aumento do capex como uma “bandeira amarela”, outros bancos mantêm recomendações otimistas. O Morgan Stanley reitera sua posição overweight (equivalente a compra) para os ADRs da Petrobras, citando a atratividade dos dividendos futuros.
Já o Bradesco ressalta que altos níveis de capex sempre geram desconfiança, mas reconhece que a estratégia atual não compromete os fundamentos da empresa. “O mercado vai monitorar os próximos trimestres, mas a tese de investimento permanece intacta”, afirma.
Conclusão: Preocupação ou Oportunidade?
Os resultados do 4T24 evidenciam desafios, mas também reforçam a capacidade da Petrobras de ajustar sua estratégia para maximizar retornos. Para investidores de longo prazo, a antecipação de projetos em Búzios – um ativo de classe mundial – pode ser vista como um movimento estratégico.
Contudo, a volatilidade nos dividendos exige cautela. Quem busca renda passiva deve aguardar sinais mais claros de estabilidade no capex e na geração de caixa. Para os mais arrojados, a possível queda nas ações pós-resultados pode representar uma janela de entrada, desde que acompanhada de uma análise criteriosa do cenário macroeconômico.
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Este conteúdo é meramente informativo e não constitui recomendação de investimento. Consulte um profissional antes de tomar decisões financeiras.